
Cyclospora
Cyclospora cayetanensis é um protozoário que emergiu na América do Norte em 1996, causando mais de 2000 casos de infecção caracterizada por uma diarreia cíclica e prolongada. Nos anos seguintes, outros surtos ocorreram e foram atribuídos ao consumo de framboesas importadas da Guatemala.
O organismo é difícil de detectar e os factores que afectam a sua sobrevivência permanecem pouco claros. A infecção causada por Cyclospora é endémica em vários países em vias de desenvolvimento pelo que, antes dos anos noventa, a maioria dos casos foi identificada em indivíduos que regressavam de países tropicais.
Actualmente, Cyclospora é responsável por cerca de 0,1% das doenças de origem alimentar nos Estados Unidos.
Características de Cyclospora
Cyclospora é um género de protozoário pertencente ao filo Apicomplexa. Muitas espécies deste género têm sido encontradas em animais. No entanto, C. cayetanensis foi a única espécie encontrada em humanos. O seu ciclo de vida completo ainda não é conhecido por completo, embora se saiba que o parasita se multiplica no intestino delgado do hospedeiro.
Transmissão de Cyclospora
O ciclo de vida do parasita termina com a excreção de oocistos esféricos com cerca de 8 a 10 micrómetro de diâmetro nas fezes. Uma vez no ambiente, os oocistos necessitam de cerca de 12 horas para que ocorra a esporulação e assim se tornem infecciosos (o oocisto infeccioso apresenta dois esporocistos, um critério importante para a confirmação do parasita no ambiente ou nos alimentos). Assim, a transmissão da infecção pessoa a pessoa é pouco provável. Pensa-se que a principal via de transmissão dos oocistos infecciosos seja a ingestão de água ou de frutos ou vegetais contaminados com efluentes humanos.
Alimentos em que a presença de Cyclospora é mais frequente
Cyclospora não se multiplica em alimentos mas sobrevive durante longos períodos se as condições forem adequadas. Os principais surtos documentados foram causados pelo consumo de frutos, nomeadamente framboesas, saladas, manjericão e água.
Principais sintomas de infecção por Cyclospora cayetanensis
Os sintomas surgem entre 1 e 14 dias, na maioria dos casos pelo menos uma semana, após o consumo do alimento contaminado.
Os sintomas mais comuns incluem diarreia aquosa, perda de apetite, perda de peso significativa, dores abdominais, náuseas, vómitos e fatiga. Os sintomas podem diminuir e reincidir durante algumas semanas a alguns meses, podendo nalguns casos ter consequências fatais.
O tratamento inclui, normalmente, a administração de trimetoprim/sulfametoxazole durante sete dias.
A evolução da infecção é normalmente favorável embora tenham sido já relatadas algumas complicações graves, nomeadamente síndroma de Guillain Barré (debilidade muscular que, por vezes, conduz à paralisia) e artrite reactiva.
Grupos de risco
Todas as pessoas podem contrair a infecção por Cyclospora. A diarreia prolongada pode ser muito debilitante para as crianças e para os imunodeprimidos.
Prevenção da contaminação
Ao contrário do que se verifica com outros parasitas, o conhecimento sobre Cyclospora é ainda muito limitado no que se refere, por exemplo, aos métodos de detecção e à sua sensibilidade a desinfectantes. Existem, no entanto, algumas práticas que podem ajudar a controlar Cyclospora ao longo da cadeia alimenta, tais como a instalação de redes de saneamento de forma a controlar a disseminação de oocistos no ambiente por efluentes humanos não tratados; a utilização de água não contaminada na rega, na preparação de pesticidas e na lavagem de frutos e de vegetais logo ao nível da produção primária e do processamento, ou a inclusão de Cyclospora na análise de perigos de planos de HACCP de algumas indústrias, por exemplo de tratamento e de fornecimento de água, de preparação de frutos e de vegetais prontos a consumir sem qualquer tratamento térmico, pode .
Bibliografia
Centers for Disease Control and Prevention (1996) Outbreaks of Cyclospora cayetanensis Infection-United States, 1996. Morbidity and Mortality Weekly Report 45 (25) Jun 28 (http://www.cfsan.fda.gov/~mow/cyclospo.html)
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Doyle E (2003) Foodborne parasites. A Review of the scientific literature. Food Research Institute Briefings, Outubro 2003 (http://www.wisc.edu/fri/briefs.htm).
Escola Superior de Biotecnologia
Universidade Católica Portuguesa