
Os HAPs podem produzir efeitos tóxicos a nível hematológico, a nível da reprodução e desenvolvimento, e a nível imunológico, mas os aspectos críticos da sua toxicidade referem-se aos efeitos carcinogénicos e genotóxicos[5,17].
A evidência de que misturas de HAPs são carcinogénicas para o homem, surgiu inicialmente em estudos ocupacionais em trabalhadores, após inalação ou exposição dérmica. Contudo, existem poucos resultados sobre a toxicidade oral dos HAPs particularmente em águas de consumo humano.
Testes de toxicidade aguda ou de curto termo, obtidos com animais experimentais mostram que estes compostos apresentam valores de toxicidade moderada ou baixa.
No que se refere aos estudos de toxicidade crónica, foi demonstrado que alguns HAPs apresentam propriedades carcinogénicas e genotóxicas. Contudo, a maior parte dos estudos de toxicidade, referem-se ao benzo(a)pireno. O benzo(a)pireno é um pró-carcinogénico, isto é, a sua actividade tóxica depende da sua transformação metabólica específica. Este composto, pode ser bioactivado ao metabolito reactivo final 7,8-diol-9,10-epóxido, que tem a capacidade de formar aductos covalentes com os grupos amina exociclicos das bases do ADN, ligando-se sobretudo á posição N2 e N7 da guanina. A presença destes aductos pode ter consequências graves quando a célula entra no ciclo celular e sofre replicação do ADN. Se o dano não for reparado, este pode conduzir a uma mutação pontual que ao ocorrer em genes supressores de tumores, pode inibir o controlo do ciclo celular, induzindo a formação de tumores[5,17,34].
O potencial carcinogénico relativo dos HAPs foi determinado por comparação de dados dérmicos e o de outros estudos. A ordem do potencial carcinogénico é consistente, e este esquema, por esse motivo, fornece um indicador útil do potencial relativo dos HAPs em relação ao benzo(a)pireno[33].